Levemente Idiota

Andei navegando por aí, nuns blogs ruins. Gosto de ler alguns posts de blogs ruins, sempre encontro uma letra de música em inglês e lanço uma maldição sobre o culpado pelo post. Achei uma naquele Diluculia Ocular, Dipuculia Ocular, sei lá, não consigo decorar o nome daquele blog, nome complicado. Blog não pode ter nome complicado.

Enfim, lembro do tempo em que escrevia letras de músicas estrangeiras em cadernos, lousas ou qualquer outra superfície rabiscável. Eu não tinha blog.
Ficava fazendo essas coisas detestáveis por aí sem o menor pudor, na frente de todo mundo, envergonhando parentes e amigos e afastando as pessoas de mim.

Recordo-me com clareza o que sentia quando escrevia: "Caralho! Esta letra é foda! As pessoas a lerão e verão o quão foda ela é e, conseqüentemente, o quão foda sou eu por gostar dela". Era isso que eu pensava.
E naquela época eu já achava idiotas as pessoas que faziam a mesma coisa. Não sei, talvez elas escrevessem as músicas erradas. - Que isso, Pixies?! Ah, vá tomar na peida!

A verdade, leitor, é que eu era um especialista. Uma letra escrita devia ser triste, malvadona ou não ter sentido e eu usava os três estilos, era perito!

Creep, do Radiohead, era uma de minha preferidas. Eu era triste, triste pra caralho, o homem mais infeliz do mundo:

But I'm a creep
I'm a weirdo
What a hell I'm doing here?
I don't belong here


Eu era malvadão, eu era roupas pretas e atitude. Ninguém mandava em mim, eu era Born To Be Wild:

Like a true nature child
We were born, born to be wild
We can climb so high
I never wanna dieeeee
Booooorn to be wiiiiiiiiiiild


Eu era confuso e poético. Eu era psicodélico e enigmático. Eu era misteriosamente interessante como o Queen:

My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly, my friends
The show must go on


Eu era isso tudo aí em cima, admito. Mas não usava boné, por isso o levemente.